Continuamos nossa meditação sobre a última ceia de Jesus e Seus discípulos, na véspera da crucificação de Cristo. Os judeus da região da Galiléia usavam um sistema de contagem de tempo diferente daquele usado no sul. Os judeus da Galiléia contavam o dia a partir do nascer do sol, enquanto os judeus de Judá e Jerusalém contavam um novo dia a partir do anoitecer, assim que duas estrelas podiam ser vistas no céu. Essa diferença de tempo era benéfica para os sacrifícios no templo. Jesus poderia comer a Páscoa na hora certa para os judeus da Galiléia em uma noite e entregar-se em Jerusalém como o Cordeiro Pascal morto antes da fundação do mundo na hora certa para os judeus de Jerusalém:
8Jesus enviou Pedro e João, dizendo: “Vão e preparem tudo para comermos a Páscoa”. 9“Onde você quer que preparemos?”, perguntaram eles. 10Ele respondeu: “Ao entrarem na cidade, encontrarão um homem carregando um jarro de água. Sigam-no até a casa em que ele entrar, 11e digam ao dono da casa: ‘O Mestre pergunta: Onde está a sala de hóspedes, onde eu posso comer a Páscoa com meus discípulos?’ 12Ele lhes mostrará uma grande sala no andar superior, toda mobiliada. Preparem tudo lá”. 13Eles partiram e encontraram tudo exatamente como Jesus lhes havia dito. Então prepararam a Páscoa (Lucas 22:8-13).
Em vez de um endereço para encontrar a sala para a refeição da Páscoa, o Senhor deu a João e Pedro uma mensagem misteriosa. Era incomum ver um homem carregando água, então Pedro e João o notaram e o seguiram até o lugar que Jesus havia arranjado. Para trair Cristo, Judas teve que esperar até que Jesus e os outros discípulos se encontrassem com João e Pedro após os preparativos. O Senhor estava ciente da traição de Judas, e ter um endereço teria facilitado para Judas dar instruções aos líderes religiosos para prendê-Lo durante a refeição da Páscoa. Isso não aconteceria.
Quando chegaram ao cenáculo, o cordeiro estava assando, e João e Pedro arrumaram a mesa. Os discípulos reclinaram-se em torno de uma mesa triclinium, que consistia em três mesas colocadas a cerca de trinta a quarenta e cinco centímetros do chão e com a forma de um grande U. Todos se deitaram em almofadas ou sofás baixos ao redor da mesa no chão, com Jesus à cabeceira. Cada um descansava sobre o cotovelo esquerdo e o lado esquerdo, alcançando a mesa com a mão direita para pegar a comida. Sobre a mesa havia pedaços de pão ázimo para lembrá-los de que haviam deixado o Egito às pressas. Havia tigelas de ervas amargas para lembrá-los da escravidão amarga que sofreram no Egito. Também havia sobre a mesa o charoset, uma mistura saborosa de maçãs e nozes para lembrá-los da mistura que usavam para fazer tijolos para o Faraó, e água salgada para lembrá-los das lágrimas que derramaram naquela época.
A refeição tradicional da Páscoa seguia um padrão definido:
1) Uma oração de agradecimento pelo chefe da casa e beber a primeira taça de vinho (diluído).
2) Comer ervas amargas.
3) A pergunta do filho: “Por que esta noite é diferente de todas as outras noites?” e a resposta apropriada do pai, narrada ou lida.
4) O canto da primeira parte do Hallel (Salmos 113, 114) e a lavagem das mãos. A segunda taça.
5) O cordeiro era então cortado e comido, juntamente com pão ázimo.
6) Continuação da refeição, cada um comendo o quanto quisesse até terminarem o cordeiro. A terceira taça era então bebida.
7) Canto da última parte do Hallel (Salmos 115-118). Em seguida, a quarta taça.[1]
A ingestão e o consumo completo do cordeiro eram uma imagem para os israelitas do Espírito do Senhor Jesus, o Cordeiro de Deus, vindo para residir em suas vidas, purificando-os e renovando-os por dentro. O apóstolo Paulo escreveu: “Ou não percebeis que Jesus Cristo está em vós? ” (2 Coríntios 13:5; ênfase adicionada). Você já comeu do Cordeiro pela fé? Vamos continuar nossas reflexões amanhã. Keith Thomas
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[1] William Hendricksen, Exposição do Evangelho segundo Lucas (Grand Rapids, Mich.: Baker Book House, 1978) pp. 959-60.