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1. The Beatitudes of Jesus Christ
1. As Bem-aventuranças de Jesus Cristo
O Sermão da Montanha
(Mateus 5:1-12. ESV)
Alguns elogiaram o discurso conhecido como O Sermão da Montanha como o maior sermão já proferido pelo maior mestre que já existiu, o Senhor Jesus Cristo. Foi Santo Agostinho (354-430) quem primeiro deu a este sermão o título de “O Sermão da Montanha”. Muitos imaginam Jesus falando para uma multidão a partir da encosta de uma montanha, mas Jesus provavelmente transmitiu esta mensagem a partir de uma colina ao norte do Mar da Galiléia, um local que visitei muitas vezes em Israel. Jesus era capaz de projetar Sua voz para muitos abaixo dele na colina.
No estudo de hoje, examinaremos a primeira parte do sermão, conhecida como as Bem-aventuranças. Os comentaristas das Escrituras chamam esta primeira seção do sermão de “atitudes belas”, porque mostra o caráter do verdadeiro crente em Cristo. Este sermão abrange três capítulos do Evangelho de Mateus, mas o que lemos é provavelmente uma versão resumida do discurso original proferido por Jesus. Tenha em mente que Seus discípulos e seguidores viajaram muitos quilômetros para ouvi-Lo, então provavelmente ficaram lá por uma parte significativa do dia.
Uma coisa que adoro no Sermão da Montanha é como ele fala a todos. Todos nós desejamos ser abençoados e felizes; quando estamos com fome, queremos ser saciados. Todos nós precisamos de perdão e, quando somos perseguidos ou nos sentimos quebrantados, queremos saber que há cura e bênção a serem encontradas em meio ao nosso quebrantamento. Jesus estava falando a pessoas que viam a hipocrisia dos líderes religiosos da época e a injustiça do sistema político. Elas se sentiam oprimidas e, sem dúvida, muitas se sentiam indignas. Jesus compartilhou essa mensagem maravilhosa que igualava a todos. Todos estavam no mesmo nível, com as mesmas necessidades. Jesus estava dizendo que esse é o caminho do Reino, e todos que se humilham para aceitar essas palavras podem experimentá-lo. O Senhor pegou a maneira de pensar do mundo e a virou de cabeça para baixo. Os fracos, os pobres de espírito, aqueles que choram — esses, disse Jesus, tinham motivos para se alegrar! Suas palavras atingiram diretamente o coração das pessoas. Ele estava preocupado com o que estava acontecendo dentro de cada pessoa. Jesus tornou os princípios espirituais do reino acessíveis a todos. As bem-aventuranças são como chaves que destravam os princípios do Reino e revelam os caminhos de Deus. Ao ler e compreender esses princípios, você experimentará a bênção e a esperança que essas palavras trazem para esta vida e para a eternidade.
Como muitos pregadores modernos que começam com uma passagem das Escrituras, Jesus começa com uma declaração de visão ou manifesto que descreve Suas intenções ou ações na Terra. O restante do sermão expande essa introdução, concentrando nossa atenção nas várias “atitudes bonitas” que nos guiam sobre como viver. As quatro primeiras bem-aventuranças enfatizam nosso relacionamento com Deus, enquanto as quatro últimas destacam nossa conexão com os outros. Cada atitude se baseia na anterior, com a primeira e a última descrevendo a recompensa, que é “o reino dos céus” (versículos 3 e 10).
Todas as oito bem-aventuranças começam com a palavra “bem-aventurado”, que é o termo grego Makarios. Muitas vezes é traduzido para o português como “feliz”, mas o grego original significa ser espiritualmente aprovado por Deus. Aquele que Deus abençoa recebeu Seu favor! Sim, isso o torna feliz, mas sua felicidade vem da aprovação de Deus. Bem-aventurado também pode ser traduzido como parabéns, mas por que somos parabenizados? Se você está em Cristo Jesus, você foi escolhido e chamado por Deus, porque ninguém entra no Reino de Deus sem um convite do Rei dos Reis (Mateus 11:27). Ninguém entra no reino de Deus por meio do intelecto ou do mérito; em vez disso, como crentes em Cristo, somos soberanamente chamados e convidados pelo amor e pela graça de Deus (Romanos 8:29-30).
Alguns acreditam que apenas os doze discípulos foram reunidos para ouvir Seus ensinamentos, mas a palavra “discípulos” (v. 1) significa aquele que segue. Além disso, o final do sermão menciona que “as multidões ficaram admiradas com o seu ensino” (Mateus 7:28). A passagem anterior ao discurso também nos diz: “grandes multidões o seguiam da Galiléia e da Decápolis, de Jerusalém e da Judéia, e do outro lado do Jordão” (Mateus 4:25).
Seguindo o costume rabínico, Jesus sentou-se, talvez em uma rocha na encosta, e começou a ensinar:
1Vendo as multidões, ele subiu a montanha e, quando se sentou, seus discípulos se aproximaram dele. 2Ele abriu a boca e os ensinou, dizendo: (3) “Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus. (4) “Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados. (5) “Bem-aventurados os mansos, porque herdarão a terra. (6) “Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados. (7) “Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia. (8) “Bem-aventurados os puros de coração, porque eles verão a Deus. (9) “Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus. (10) “Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus. (11)“Bem-aventurados sois quando vos injuriarem, perseguirem e caluniarem falsamente por minha causa. (12)Alegrai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus, pois assim perseguiram os profetas que vieram antes de vós (Mateus 5:1-12).
Qual dessas qualidades de caráter parece mais difícil de alcançar e por quê?
Bem-aventurados os pobres de espírito (v. 3)
Jesus começa esta mensagem a partir do degrau mais baixo da escada, sendo pobre em espírito. O caminho para a grandeza muitas vezes envolve humildade. As pessoas são espiritualmente favorecidas por Deus quando são humildes em espírito. Alguns podem interpretar isso como significando que devem abrir mão de todos os seus bens e se retirar para um mosteiro para o resto da vida, renunciando a tudo o que é mundano. Embora essa possa ser a orientação de Deus para alguns, conforme Ele os guia, a ênfase aqui está na pobreza espiritual, não na carência financeira. Em todo o mundo, algumas pessoas se sentem indignas e desgastadas pelo sistema deste mundo. Elas podem encontrar esperança! A elas é dado o reino dos céus. Aqueles que reconhecem sua própria necessidade se colocam em posição de receber o que Deus tem reservado para eles em Seu reino.
Quando as pessoas chegam a um ponto na vida em que se sentem completamente oprimidas, elas começam a olhar para cima e clamar a Deus. Esse quebrantamento é como o degrau mais baixo de uma escada, em sentido espiritual. A quebrantamento representa um estado de pobreza de espírito. No grego original, é usada a palavra ptochus, que significa “encolher-se e se encolher como um mendigo”. O comentarista R. Kent Hughes oferece uma visão sobre por que Jesus escolheu essa palavra em vez de um termo grego diferente comumente usado para descrever alguém pobre.
O Novo Testamento reflete essa ideia ao descrever uma pobreza tão extrema que uma pessoa precisa mendigar para sobreviver. Essas pessoas dependem inteiramente da generosidade alheia e não conseguem sobreviver sem ela. Portanto, uma excelente tradução seria “mendigo pobre”.[1]
Por que Jesus escolheria especificamente essa palavra, que descreve ser “pobre como um mendigo”?
Estamos dizendo que quando as pessoas caem em si e percebem que não têm nada a apresentar diante de um Deus Santo, ou seja, nenhuma justiça própria, e são mendigos em termos espirituais e falidos em recursos espirituais, é então que elas encontram o favor de Deus. “Deus resiste aos orgulhosos, mas dá graça aos humildes” (1 Pedro 5:5-6). Em outra passagem das Escrituras, o Senhor Jesus compartilhou uma parábola para explicar a primeira bem-aventurança, que é o degrau mais baixo da escada espiritual.
9Ele também contou esta parábola a alguns que confiavam em si mesmos, achando-se justos, e tratavam os outros com desprezo: 10“Dois homens subiram ao templo para orar, um fariseu e outro publicano. 11O fariseu, em pé, orava assim: ‘Deus, eu te agradeço por não ser como os outros homens, extorsionários, injustos, adúlteros, ou mesmo como este cobrador de impostos. (12) Eujejuo duas vezes por semana; dou o dízimo de tudo o que ganho.’ (13) Mas o cobrador de impostos, mantendo-se à distância, nem sequer levantava os olhos para o céu, mas batia no peito, dizendo: “Deus, tem misericórdia de mim, pecador!” (14) Digo-vos que este homem desceu para sua casa justificado, ao contrário do outro. Pois todo aquele que se exalta será humilhado, mas aquele que se humilha será exaltado” (Lucas 18:9-14).
A verdade é que as pessoas não se aproximam de Deus Pai a menos que o façam com humildade e um senso de pobreza espiritual, implorando por Seu perdão e reconhecendo abertamente sua fragilidade e ruína espiritual diante de um Deus santo. O texto grego é enfático na declaração final da frase: “Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus, pois somente deles é o reino dos céus”. Essa necessidade de humildade deve nos levar a todos à cruz e garantir que nos arrependamos verdadeiramente, reconhecendo nossa pobreza espiritual (Mateus 18:25). Dessa forma, alcançamos uma posição correta diante de Deus. Quando reconhecemos nossa necessidade de perdão, o Pai responde e nos reveste com Sua justiça por meio do poder redentor da cruz. Isso não é uma melhoria; é uma troca completa de nossa justiça pela Sua justiça perfeita.
Bem-aventurados os que choram (v. 4).
Essa pobreza de espírito deve nos levar a chorar por toda atitude dentro de nós que não seja de Jesus Cristo, assim como a mulher pecadora chorou aos pés de Jesus na mesa de Simão, o fariseu (Lucas 7:36-49). Se realmente chegamos ao ponto de implorar por falência espiritual, o próximo passo é a resposta emocional que nos levará a chorar por tudo dentro de nós que desagradou a Deus. Liberte tudo. Livre-se de tudo o que pesa sobre você: “Lance sobre o Senhor a sua carga, e ele o sustentará; ele nunca permitirá que o justo seja abalado” (Salmo 55:22). Não devemos justificar por que fizemos certas coisas, mas devemos desprezar qualquer coisa que sabemos ser egoísta e desagradável a Deus. Seja aberto e vulnerável diante do Senhor; afinal, Ele sabe tudo o que fizemos e nossos motivos. Nada está oculto Dele (Hebreus 4:13).
A palavra grega traduzida como “lamentar” é pentheo; significa sofrer e sentir tristeza no coração, muitas vezes levando às lágrimas. O lamento é chamado de abençoado por Deus quando nos leva a mudar nossos corações, geralmente depois de sentirmos dor por causa do que o pecado fez a nós mesmos ou aos outros. O Senhor compreende nossa dor e vê nossas lágrimas. Quando os filhos de Israel clamaram a Deus durante sua escravidão no Egito, Deus interveio para ajudá-los, enviando o libertador Moisés para libertá-los (Êxodo 2:23-24).
Quando somos dominados pela dor e levados às lágrimas, Deus intervém para nos consolar por meio da presença do Consolador. A palavra consolar no versículo 4 é a forma verbal de parakletos, o nome que Jesus deu ao Espírito Santo (João 14:16-17). Diferentes traduções em inglês da palavra grega original incluem Consolador (KJV), Conselheiro (NIV), Advogado (NEB) e Ajudador (ESV).
Paracletos é uma palavra difícil de traduzir porque significa alguém chamado ao nosso lado. O Senhor vem ao nosso lado quando choramos. Ele sente o que sentimos, simpatiza com nossas fraquezas e experimenta nossa dor (Hebreus 4:15). Quando Jesus confrontou Saulo, que se tornou o apóstolo Paulo, na estrada de Damasco, o Senhor lhe disse: “Por que você me persegue?” (Atos 9:4). O próprio Jesus não estava sendo perseguido, mas sentia a dor de Seu povo sendo perseguido por Saulo. A dor que suportamos toca o coração de nosso Deus. Nossas lágrimas são preciosas para Deus. Mesmo quando não há lágrimas, é a atitude do coração que Deus responde. A Escritura afirma: “O Senhor está perto dos quebrantados de coração e salva os contritos de espírito” (Salmo 34:18).
O que devemos lamentar, seja em nós mesmos ou no que vemos acontecendo em nosso mundo?
Outra coisa a lamentar é o estado do mundo em desobediência a Deus e as coisas más que nos cercam nesta vida. Basta assistir ou ouvir as notícias de hoje para ver o grande sofrimento que a humanidade e a criação de Deus suportam. Um verdadeiro crente anseia pela restauração da criação de Deus. Quando lamentamos o estado deste mundo, sentimos o coração de Deus pela humanidade e ansiamos pelo tempo em que o Reino de Deus será revelado. Para lamentar adequadamente, precisamos entender o que o pecado faz. Ele nos separa de Deus, pisoteia Suas leis e caminhos e nos rouba a alegria de Sua presença.
Hoje em dia, é comum que professores e líderes na igreja se concentrem apenas no lado positivo e minimizem a necessidade de lamentar ou sentir tristeza genuína. No entanto, se você estiver conectado com o coração de Deus, desejará que os Seus caminhos sejam revelados e que outros sejam restaurados ao relacionamento com Ele. Se não for esse o caso, peça a Deus para suavizar o seu coração. Se o pecado em sua vida não o entristece, ore para que Deus amoleça seu coração e lhe mostre Seu coração novamente. Neste lado do céu, nunca chegaremos a um ponto em que não nos entristeceremos pelo pecado. Até mesmo o apóstolo Paulo lamentou seus pecados quando escreveu aos crentes em Roma: “Porque sabemos que a lei é espiritual, mas eu sou carnal, vendido ao pecado. Pois não compreendo as minhas próprias ações. Porque não faço o que quero, mas faço o que odeio” (Romanos 7:14-15). No versículo 24, ele se referiu a si mesmo desta forma: “Miserável homem que sou! Quem me livrará deste corpo de morte? Graças a Deus, por Jesus Cristo, nosso Senhor!” (Romanos 7:24-25). Essa é uma forma de lamentação.
Em resumo, podemos dizer que lamentar é sentir tristeza pela perda e saudade do que sabemos que ainda está por se realizar.
Bem-aventurados os mansos (v. 5)
O que o Senhor quis dizer quando afirmou que Deus aprova espiritualmente aqueles que são mansos? A palavra manso descreve um cavalo cuja força foi controlada após o animal ter sido domado. O animal não perde nada de sua força ao ser domado; agora ele pode ser usado para fins adequados. A mansidão reflete a vontade alinhada com a vontade de Deus e indica autocontrole ao enfrentar dificuldades e provações. Nosso exemplo é o Senhor Jesus, que “quando era injuriado, não revidava com injúrias; quando sofria, não ameaçava, mas continuava confiando naquele que julga com justiça” (1 Pedro 2:23). Os bois eram treinados sendo atrelados a outro animal mais maduro. Jesus, creio eu, aludiu a isso quando disse: (28) Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. (29) Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, pois sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para as vossas almas. (30) Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve” (Mateus 11:28-30 Ênfase minha). Quando nos aproximamos de Cristo e Seu Espírito entra em nossas vidas, somos “unidos” ou “ligados” ao Senhor: “Mas aquele que se une ao Senhor torna-se um só espírito com ele” (1 Coríntios 6:17). Quando entramos em uma relação de aliança com Cristo, o Espírito de Deus nos dá a humildade e a mansidão de Cristo, ou seja, força sob controle.
Bem-aventurados os que têm fome e sede (v. 6)
A quarta bem-aventurança enfoca novamente nossa atitude para com Deus. Os verdadeiros crentes nascidos de novo, com o Espírito de Deus vivendo neles, estão sempre famintos e sedentos por estar em paz com Deus. Dentro dos filhos de Deus, desenvolve-se uma fome e sede por Sua justiça. Antes de conhecer o Senhor Jesus, ouvir Seu nome ou aprender sobre Deus não significava nada para mim. No entanto, depois de encontrar Cristo, procurei e absorvi tudo o que estava relacionado à verdade de Deus e ao Senhor Jesus. Só de ouvir o nome de Jesus em uma conversa próxima, eu prestava muita atenção. Deus desperta em nós um desejo que leva Seus filhos a buscar as coisas Dele. Quanto mais você medita na Sua Palavra, reconhece-O e experimenta Sua presença, mais você sentirá tristeza pelas coisas que se opõem ao Seu caráter. Não é assim quando amamos alguém? Quando alguém de quem gostamos é mencionado de forma negativa, isso nos magoa profundamente. O Espírito Santo nos dará um apetite por alimento espiritual e um desejo de conhecer a presença de Deus e experimentá-Lo mais profundamente.
Ao explorar o clima desértico de Israel, aprendemos que, na época de Jesus, era impossível ir longe sem água. Portanto, quando Davi estava se escondendo do rei Saul, ele teve que se deslocar de uma fonte de água para outra. Embora tenha passado por tantas dificuldades nas mãos do rei Saul, ele comparou sua sede de água ao seu desejo por Deus, dizendo: “Ó Deus, tu és o meu Deus; eu te busco ardentemente; minha alma tem sede de ti; minha carne desfalece por ti, como em terra seca e cansada, onde não há água” (Salmo 63:1). Há um cansaço que surge quando vemos tanto mal acontecendo ao nosso redor. A estratégia de Satanás é que “ele desgastará os santos do Altíssimo” (Daniel 7:25). Deus, que vê tudo e compreende as lutas que Seu povo enfrenta, considera aqueles que têm sede e fome de justiça como estando continuamente em posição correta diante Dele; Ele os chama de espiritualmente aprovados ou abençoados.
Bem-aventurados os misericordiosos (v. 7)
Agora examinamos as quatro bem-aventuranças que se concentram naqueles ao nosso redor. Essas bem-aventuranças ensinam que, uma vez que entramos em uma relação de aliança com Deus, começamos a andar com Ele e recebemos Sua misericórdia, Sua atitude graciosa para com os outros transbordará dentro de nós. Os crentes em Cristo naturalmente desejam compartilhar a misericórdia de Deus com aqueles que estão próximos. Quando permitimos que o Espírito de Deus nos guie, somos levados a ajudar e mente aqueles que estão sofrendo e precisam Dele. Sentiremos compaixão pelas pessoas que estão passando por momentos difíceis.
Essa lição era o que Simão, o fariseu, precisava aprender quando a mulher pecadora se aproximou da mesa e chorou aos pés de Jesus (Lucas 7:36-49). Simão não teve misericórdia da mulher, cujo coração foi tocado por Jesus. Uma pessoa misericordiosa lembra-se da culpa e da infelicidade que já experimentou e tem o poder interior para estender a misericórdia de Deus aos outros. Simão, o fariseu, nunca sentiu o peso da culpa por seu próprio pecado, por isso não conseguiu sentir compaixão pela mulher pecadora. Jesus falou em termos de uma resposta de amor ao perdão da dívida do pecado da mulher.
As pessoas que se sentem gratas por terem sido perdoadas de sua dívida de pecado tendem a perdoar os outros quando eles pecam contra elas. Perdoar alguém significa absolver, liberar ou permitir que essa pessoa escape da culpa, da responsabilidade, da obrigação ou da dificuldade. Quando os crentes incorporam essa atitude no mundo, isso parece antinatural dentro do sistema atual em que vivemos. Foi assim que Jesus viveu e, mesmo quando foi crucificado, Ele estendeu misericórdia àqueles que cravaram os pregos em Suas mãos, orando: “Pai, perdoa-lhes, pois não sabem o que fazem” (Lucas 23:34).
Deus frequentemente testa a fé de Seus servos, colocando-os em situações em que precisam responder a alguém que os magoou anteriormente. Ainda queremos vê-los punidos pelo mal que nos causaram? Podemos mostrar graça e misericórdia àqueles que não a merecem? Depois de experimentar a misericórdia de Deus durante o teste, Deus nos julga com base em como tratamos os outros. Em outra ocasião, o Senhor compartilhou uma parábola sobre essa atitude de ser misericordioso:
21Então Pedro aproximou-se de Jesus e perguntou: “Senhor, quantas vezes devo perdoar meu irmão que pecar contra mim? Até sete vezes?”22Jesus respondeu: “Eu te digo que não apenas sete vezes, mas setenta e sete vezes!23Por isso, o reino dos céus é como um rei que queria acertar as contas com seus servos.(24) Quandoele começou a fazer as contas, trouxeram-lhe um devedor que devia dez mil talentos.25 Como o homem não tinha como pagar, o senhor ordenou que ele fosse vendido para pagar a dívida, juntamente com sua esposa, seus filhos e tudo o que possuía. (26) Então o servo se ajoelhou diante dele. “Tenha paciência comigo”, implorou, “e eu pagarei tudo”. (27)Seu senhor teve compaixão dele, perdoou sua dívida e o libertou. (28) Mas quando aquele servo saiu, encontrou um de seus colegas que lhe devia cem denários. Ele o agarrou e começou a sufocá-lo, dizendo: “Pague o que me deve!” (29) Entãoseu colega servo se ajoelhou e implorou: “Tenha paciência comigo, e eu lhe pagarei”. (30) Mas ele recusou. Em vez disso, foi e mandou que o homem fosse preso até que pudesse pagar sua dívida. (31) Quando seus companheiros viram o que havia acontecido, ficaram muito angustiados e foram contar tudo ao seu senhor. (32) Então o senhor o chamou e declarou: “Servo malvado! Eu perdoei toda a sua dívida porque você me implorou. 33Não deverias ter tido misericórdia do teu companheiro, assim como eu tive de ti?”34Com raiva, o seu senhor o entregou aos carcereiros para ser torturado, até que pagasse tudo o que devia. (35)Assim também meu Pai celestial tratará cada um de vocês, a menos que perdoem de coração ao seu irmão” (Mateus 18:21-35).
Você já foi magoado emocionalmente por seus pais, amigos ou cônjuge? Você consegue libertá-los da justiça que exige que eles recebam pelo mal que lhe fizeram? Mais uma vez, a palavra “eles” no texto grego é enfática: Bem-aventurados os misericordiosos, pois eles alcançarão misericórdia, significando [somente eles ] obterão misericórdia. Quando perdoamos outra pessoa, também libertamos nossa alma do fardo da mágoa e da dor que a falta de perdão nos mantém acorrentados. Esse é um princípio espiritual tão real quanto um princípio físico, como a gravidade.
Bem-aventurados os puros de coração (v. 8).
Jesus aqui se refere à purificação interna e à lavagem com água pela Palavra de Deus (Efésios 5:26). O crente em Cristo é santificado, ou separado por Deus para Si mesmo. Após se converter a Cristo, o crente passa por provações preparadas pelo Senhor — momentos em que Deus o desafia, transforma suas motivações e purifica seu coração. A promessa é bela: aqueles cujos corações são purificados pelo Senhor verão Deus. Esta será a grande recompensa do céu: “Eles verão a sua face, e o seu nome estará nas suas testas” (Apocalipse 22:4). O nome de Deus reflete o Seu caráter. Os muitos nomes de Deus representam diferentes aspectos da Sua natureza, então isso poderia ser uma marca literal ou uma forma poética de dizer que Ele é dono do crente.
Bem-aventurados os pacificadores (v. 9).
Um pacificador não é um termo passivo, significando alguém que não faz nada e simplesmente mantém a paz. Esta bem-aventurança se refere a alguém que inicia a paz derrubando barreiras entre as pessoas, trazendo outras pessoas para o alinhamento com Deus. Um pacificador é alguém disposto a arriscar a dor para confrontar e expor as causas da divisão e da desunião. Eles ajudam as pessoas a se reconciliarem com Deus e muitas vezes têm o dom do evangelismo. Posso fazer uma pausa e perguntar a você agora: como está seu relacionamento com Deus neste momento? Você sente uma barreira entre você e Ele? Deus é um pacificador e nós, como Seus seguidores, também devemos ser pacificadores. Devemos primeiro estar em paz com Deus e, então, estender Sua paz aos outros.
Quero que você imagine que, de repente, todos os lugares e todas as pessoas na Terra começam a viver e agir de acordo com os princípios espirituais do Sermão da Montanha. Que mudanças veríamos imediatamente em nosso mundo?
Bem-aventurados os perseguidos (v. 10).
Quando essas qualidades de caráter estão dentro de nós, a luz revela a escuridão naqueles ao nosso redor e, muitas vezes, pode haver retaliação, especialmente quando confrontamos os outros com o Evangelho. Jesus disse: “O servo não é maior do que o seu senhor. Se eles me perseguiram, também perseguirão vocês” (João 15:20). Devemos permanecer sempre alertas e vigilantes, porque vivemos em território inimigo e há uma guerra em curso contra o Senhor e Seu povo. Muitas vezes, o inimigo usa as pessoas mais influentes ao nosso redor para proferir palavras desanimadoras. Aqueles cujas opiniões valorizamos podem dizer coisas duras para nós ou sobre Aquele a quem servimos. Não devemos nos surpreender com tais ataques, mas devemos nos alegrar por sermos considerados dignos de sofrer por Seu nome.
11 Bem-aventurados sois quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo mal contra vós por minha causa. 12 Alegrai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus, pois assim perseguiram os profetas que vieram antes de vós (Mateus 5:11-12).
O Senhor Jesus nos deu um exemplo neste sermão de como devemos procurar viver nossas vidas. Ele nos deu Sua “receita para a vida”. Isso pode ser confuso, porque entra em conflito com os costumes deste mundo. Mas é justamente esse o ponto. Nestas bem-aventuranças, descobrimos as Suas atitudes para a vida. Ele também nos oferece a Sua ajuda em todos os momentos para fazermos a Sua vontade através do poder do Seu Espírito. Ele estará pronto para vir em nosso auxílio quando pedirmos a Sua ajuda para demonstrar estas qualidades de caráter. Ele está trabalhando dentro de nós para nos moldar à imagem de Cristo (Romanos 8:29).
Oração: Senhor, amoleça meu coração para que eu veja minha necessidade de Ti. Torne meu coração sensível para que eu possa ouvir a Tua voz. Obrigado por trilhar este caminho à minha frente e dar o exemplo. Obrigado também por prometer nunca me deixar nem me abandonar (Hebreus 13:5). Teus caminhos são mais elevados do que os nossos. Guia-nos e aumenta nossa fome por Ti. Amém.
Keith Thomas
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[1] R. Kent Hughes. O Sermão da Montanha. Publicado pela Crossway Books, Wheaton, IL, 2001. Página 17.



